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Igreja de
São Saturnino de Fanhões

Loures

 (…) passámos Pintéus, vamos no caminho de Fanhões, dezoito estátuas em dezoito carros, juntas de bois à proporção, homens às cordas na conta do já sabido, porém não é isto aventura que se compare com a pedra de Benedictione (…). Em Fanhões parou o cortejo porque os moradores quiseram saber, nome por nome, quem eram os santos que ali iam pois não é todos os dias que se recebem, ainda que de passagem, visitantes de tal grandeza corporal e espiritual, uma coisa é o quotidiano trânsito dos materiais de construção, outra, poucas semanas há, o intérmino cortejo dos sinos, mais de cem, que hão-de rebimbar nas torres de Mafra (…). Acabou o desfile, segue a santaria para Cabeço de Monte Achique, boa viagem.

Memorial do Convento, Editorial Caminho da 32ª edição.

Igreja Matriz de São Saturnino

Templo de uma só nave data de 1575, foi restaurado em 1796, após o terramoto de Lisboa. A sua construção deu-se a pedido da população que em dias invernosos, de muita chuva tinha dificuldade em deslocar-se a Santo Antão do Tojal. “… a Paroquia he dedicada a S. Saturnino advogado dos meninos quebrados …”. No interior destacam-se o coro joanino, assente em duas colunas de mármore, a pia batismal, os painéis de azulejos dos séculos XVI e XVII e ainda a pintura de São Saturnino atribuída a Pedro Alexandrino de Carvalho. No exterior, um antigo relógio de sol recorda outras formas de medir o tempo. O pintor Pedro Alexandrino de Carvalho (1729 a 1810) deixou uma vasta obra onde domina a produção pictórica de índole religiosa. Discípulo de João de Mesquita e Bernardo Pereira Pegado, conviveu com André Gonçalves. Realizou trabalhos para várias igrejas da região de Lisboa, sobretudo após o terramoto. Defendeu a formação artística institucional, tendo sido membro da Irmandade de S. Lucas, percussora do ensino institucional de Pintura. Em 1785, Pina Manique nomeou-o um dos diretores da antiga Academia do Nu, que oferecia cursos para “…Pintores, escultores, arquitectos e abridores, além de entalhadores, ourives e mestres-de-obras”.

Marcos Termo da cidade

O território de Loures tem estado, ao longo dos séculos ligado à evolução da cidade de Lisboa e do seu Termo, sendo este uma zona de influências e de intercâmbios, cujos limites variaram ao longo dos anos. Para assinalar os limites do Termo foram colocados no território marcos com o símbolo da cidade. Ao percorrer hoje o território ainda podemos encontrar alguns destes marcos. Aqui, em Fanhões subsistem dois, um deles encimando um portal privado, localizado junto ao coreto, próximo da Igreja de São Saturnino, e outro que encima a fonte de Fanhões, junto aos lavadouros e ao rio.

Galeria das Calçadas do mestre José da Clara

Este espaço homenageia os mestres calceteiros de Fanhões. Conhecida como capital dos calceteiros, daqui saíram muitos mestres que espalharam esta arte em Portugal e em muitos outros pontos do mundo. Foi, no século XVI, por iniciativa régia de D. Manuel que surgiram os primeiros pavimentos calcetados, nomeadamente na Rua Nova dos Ferros. Só em 1842, é que calçada portuguesa, conforme a conhecemos, em calcário branco e negro, foi aplicada pela primeira vez por presidiários, a mando do Governador de Armas do Castelo de São Jorge, o tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado foi de um traçado simples, tipo zig-zag. Nesta pequena galeria privada o mestre José da Clara apresenta alguns dos seus trabalhos.

Forte do Mosqueiro

Fortificação militar de campo (obra militar nº57) integrada na Rota Histórica das Linhas de Torres, ou seja, faz parte do sistema defensivo edificado entre 1809 e 1810 para proteção da cidade de Lisboa aquando da 3ª Invasão Francesa, comandada por Masséna. Esta fortaleza apresenta uma planta poligonal irregular, é rodeada por um fosso seco e no seu interior conserva vestígios de várias estruturas, com especial destaque para o paiol. Tinha como objetivo estratégico proteger o desfiladeiro de Montachique e a estrada que ligava Mafra a Lisboa do possível avanço das tropas napoleónicas. Este forte integrava, juntamente com outras, a 2ª Linha do referido sistema defensivo. Esta obra militar, juntamente com todas as outras que fazem parte do sistema está classificado desde 2019 como Monumento Nacional.

A Estrada Real para Mafra

A povoação de Fanhões foi uma das localidades que assistiu à passagem dos materiais necessários à construção da Real Obra de Mafra, transportados por carros de bois, seguindo a Real Estrada que ligava Lisboa a Mafra. Por Fanhões também passaram os sinos para as torres da basílica e o conjunto de estátuas italianas, sendo um acontecimento que José Saramago refere na narrativa de Memorial do Convento.