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Palácio Nacional de Mafra
- Real Edifício de Mafra

Mafra

 (…). E o convento, vai ser coisa grande, perguntara Baltasar ao cunhado, e este respondeu, Primeiro falou-se em treze frades, depois subiu para quarenta, agora já andam os franciscanos da albergaria e da capela do Espírito Santo a dizer que hão-de ser oitenta, (…). 

Memorial do Convento, 1982, p. 69.

Palácio Nacional de Mafra

Real Edifício de Mafra

Alimentado pelos recursos auríferos e de diamantes vindos da colónia brasileira, formando um conjunto patrimonial de características singulares em território nacional, sendo um dos mais imponentes e notáveis monumentos de Portugal e da Europa, o Real Edifício de Mafra integra um Palácio, uma Basílica, um Convento com a sua cerca, atual Jardim do Cerco, e uma Tapada, tendo sido objeto de classificação como Monumento Nacional em 1907 (Convento) e em 1910 (Basílica), e inscrito na lista na UNESCO como Património Mundial (2019). Construído ao longo de mais de três décadas, o Real Edifício de Mafra tornou-se um epicentro de ensino e conhecimento, onde se formaram as seguintes gerações de engenheiros e arquitetos. Politicamente o Palácio-Convento deve ser visto como a manifestação concreta, mais representativa, do poder absoluto do monarca D. João V, enquanto afirmação terrena e divina da sua autoridade, tendo como principal objetivo projetar Portugal como potência internacional.

Alto da Vela

Primitivo nome dado “à colina” onde foi construído o Palácio-Convento de Mafra, determinou a expansão da Vila de Mafra em torno e à frente do mesmo. Sítio de moinhos de “vela” e terras de cultivo, foi escolhido pelo monarca D. João V, segundo frei Cláudio Conceição (1820), por ser localizado no termo da Vila de Mafra, “ter uma fonte de abundante e excelente água, e fazer uma admirável perspetiva no dilatado mar, que se descobre”. A aquisição dos terrenos para a construção do Real Edifício de Mafra (palácio, basílica, convento, cerca e tapada) foi realizada em várias fases: a primeira decorreu em 1713, a segunda em 1734 e a terceira entre 1747 e 1748.

Basílica, Órgãos e Carrilhões

Elemento arquitetónico mais imponente do Real Edifício de Mafra, destacando-se o zimbório, a Basílica é uma obra-prima aos níveis construtivo e estético. Foi erigida entre 1717 e 1735, com a capacidade para acolher 80 religiosos, tendo sido sagrada em 22 de outubro de 1730, no dia do 41.º aniversário de D. João V. A fachada e o interior da Basílica de Mafra exibem 58 estátuas de grande dimensão e três baixos-relevos, em mármore branco de Carrara, executados em oficinas de Roma, Florença e Génova, a maior encomenda de escultura, à época, fora de Itália. Aos seis órgãos de tubos do interior, projeto único e inovador no mundo, correspondem as duas torres sineiras no exterior, sendo os dois monumentais carrilhões, do século XVIII, considerados como dos mais importantes e notáveis internacionalmente. Em 7 de junho de 1835 ocorreu a transferência da Paróquia de Santo André da igreja matriz (sita na Vila Velha) para a Basílica de Mafra.

Créditos: PT/TT/CR/007-007/00199

Ilha da Madeira

Na memória coletiva permanece o topónimo Largo da Ilha da Madeira, devido à concentração na Vila de Mafra de um grande número de operários (cerca de 45000), vindos de todo o país, para a edificação do Convento. Cresceu a noroeste da Real Obra, “ilha”, toda construída em “madeira” e devido à acumulação desse material, ergueram-se telheiros para estrebarias e cavalariças, casas de alvenaria para acomodação do pessoal especializado e oficiais, e uma ermida de madeira para o serviço divino. No recinto das habitações foram abertas inúmeras casas de pasto para serviço dos operários, que se alimentavam à custa do seu salário.

Jardim do Cerco

Jardim da cerca conventual, com 9 hectares, a sua construção teve como objetivo servir uma comunidade religiosa contendo horta, pomar, mata e jardim. A disposição do espaço obedeceu às conceções estéticas do Barroco. Em 1726, o viajante estrangeiro Charles Frederic de Merveilleux escreve que o “Rei D. João V fez plantar um grande parque ou jardim repleto […] de todos os tipos de árvores que crescem em todos os países do seu domínio nas quatro partidas do Mundo”. Além do tanque circular de mármore do século XVIII, contíguo ao maior e mais antigo poço do Cerco, munido de nora, também alberga um jogo da bola, onde se praticaram originalmente sete jogos. Na Botica fradesca eram produzidos elixires e unguentos.

Tapada Nacional de Mafra

Antiga Real Tapada de Mafra constitui uma joia cinegética e florestal única no território português, com uma área de 1188 hectares. Criada por decreto régio de 18 de julho de 1744, no qual o rei D. João V foi “servido mandar demarcar, junto à vila de Mafra, terras para se formar uma tapada para seu real serviço […]” vedada por um muro “de pedra e cal”. É organizada em três partes: a Primeira Tapada ou Tapada de Fora encontra-se, hoje, entregue ao Exército Português (Escola das Armas); as Segunda e Terceira Tapadas, ou Tapadas do Meio e de Dentro integram, atualmente, a Tapada Nacional de Mafra. Alberga um grande número de espécies de fauna e flora endémicas da Península Ibérica, que se distribuem por diferentes habitats. A Tapada, desde a sua fundação até à implantação da República (1910), foi um dos locais de eleição dos monarcas portugueses como espaço de lazer e parque de caça. Fonte de abastecimento de água ao Palácio-Convento, o sistema de recolha apoia-se em aqueduto, concebido pelo engenheiro militar Manuel da Maia, com cerca de 4560 m, estendendo-se do interior da Tapada até ao Jardim do Cerco.