Mafra
Amanhã não pode ser pior, e no entanto sabiam que iria ser pior mil vezes. Lembravam-se do caminho que descia para o vale de Cheleiros, aquelas apertadas curvas, aqueles declives espantosos, aquelas empinadas encostas que caíam quase a pique sobre a estrada,(…) Perto da hora de jantar chegaram a um alto donde se via Cheleiros, no fundo do vale, (…)
Construída nos séculos XIII-XIV, eventualmente substituindo ou reaproveitando uma antiga passagem de origem romana, compõe-se de amplo arco de volta perfeita, sobre o qual se lançou um tabuleiro de cavalete de dupla rampa, como foi frequente na Idade Média. É possível que seja contemporânea da primitiva igreja matriz da localidade, mas foi objeto de muitas campanhas de consolidação, a última das quais na década de 1980.
Muito danificada pelo Terramoto de 1755, a capela foi restaurada em 1986, preservando o essencial da obra manuelina original (século XVI). Classificada Imóvel de Interesse Municipal, em 1982, destaca-se o arco triunfal, ornamentado com elementos manuelinos e cuja pedra de fecho é decorada com um busto humano, com barba e coroa. Deverá representar a coroação do Espírito Santo. A Albergaria, destinada a abrigar pobres, peregrinos e viajantes, é um dos testemunhos do estatuto de Cheleiros como local de passagem, onde se pernoitava e recuperava forças para a jornada seguinte. Fundada na Idade Média, dela resta o portal principal, do século XVII, de aspeto clássico e tutelado por uma imagem religiosa, infelizmente desaparecida.
Não existem dados sobre a primitiva construção desta ponte. Os vestígios materiais mais antigos sugerem uma época pré-industrial, possivelmente na segunda metade do século XVIII ou início do seguinte. Seguramente com obras no final do século XIX, é uma ponte de dois arcos de volta perfeita, reforçada com três talhamares a montante, cuja monumentalidade contrasta com a singeleza da vizinha ponte medieval. O atual tabuleiro é o resultado de uma campanha de obras realizada em 1992.
