26/07/1711
Evento da obra Memorial do Convento
Realizaram-se 28 autos de fé em Lisboa durante o reinado de Dom João V aos quais o rei, bem como a família real, raramente faltavam. O clima era de tal modo festivo que se aproveitava a ocasião, para se organizarem banquetes. O espectáculo cruel de assistir à morte de pessoas queimadas na fogueira, estimulava o apetite, que era sarcasticamente saciado com pratos de carne assada.
26/09/1711
“Eu El-Rei faço saber que, por justos motivos, e por especial devoção que tenho ao glorioso Santo António, e por sua honra. Hei por bem conceder licença por esmola que no distrito da Vila de Mafra se funde um convento dedicado ao mesmo santo; lotado para assistirem nele treze religiosos somente; com declaração que o dito convento há-de ficar pertencendo à província dos religiosos capuchos Arrábidos”. (Decreto régio de 26 de setembro de 1711)
04/12/1711
A princesa recebeu uma educação esmerada. Falava francês, alemão e italiano, com toda a correcção, e era uma apreciável cultora de música. No dia 10 de janeiro de 1723 outorgaram-se no Paço da Ribeira, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram a se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, por procuração na igreja Patriarcal servindo de procurador do príncipe das Astúrias o rei D. João V.
21/01/1713
“Depois de assentar ser este sitio o mais próprio para a dita fundação, se procedeo às avaliações das terras que naqueles sítios tinhão varios donos, o que se fez a 21 de janeiro de 1713, na presença do Escrivão de Mafra, Francisco Corrêa Soares, estando presente o Juiz da terra Manoel da Silva, e os Louvados o Capitão José Batalha Leitão, e José Rodrigues da Silva: os quaes derão juramento dos Santos Evangelhos para avaliarem com toda a distinção, o que a cada huma das partes se tomava, desencarregando em tudo a sua consciencia; isto a requerimento do Sindico dos Religiosos o Beneficiado José Soares de Faria, morador na dita Villa de Mafra, dizendo: que Sua Magestade sendo servido fundar em o termo da Villa de Mafra hum Convento aos Religiosos Arrabidos no sitio da Véla, mandava se procedesse às avaliações, sendo primeiro notificados os seus donos, ou caseiros para se acharem presentes às ditas avaliações; e no mesmo dia, mez e anno ut supra forão avaliadas as terra na forma seguinte: […] e todo redondamente os ditos Louvados demarcarão com marcos, que ficarão correspondendo huns com os outros, e divisando-se o chão para se fundar o dito Convento, com os confinantes com elle, cuja demarcação se fez a peditório do dito Sindico, e religiosos, que presentes estavão. Somão todas estas avaliações trezentos cincoenta e oito mil e quinhentos”. (Frei Cláudio da Conceição, Gabinete Histórico, Tomo VIII, Cap. VII, p. 77 a 82, 1820)
06/06/1714
No mesmo ano, a 24 de Outubro morre o príncipe Dom Pedro, segundo filho de Dom João V e de sua mulher, a rainha D. Maria Ana de Áustria, a quem caberia a sucessão do trono de Portugal. O príncipe Dom Pedro tinha apenas 2 anos e 10 dias e segundo um relato da época, terá falecido devido a uma terçã dobre (pico de febre)
07/11/1716
O papa Clemente XI, atendendo a seus serviços e de acordo com o Colégio dos Cardeais em consistório concedeu a especialíssima graça de ser a Real capela colegiada de São Tomé nos paços da Ribeira elevada à categoria de catedral metropolitana com título de “Santa Igreja Patriarcal”. A cidade de Lisboa e o território da diocese foram divididos em duas partes: o patriarcado de Lisboa Ocidental com sede na capela régia, e o arcebispado de Lisboa Oriental, com sede na antiga sé de Lisboa. D. José Pereira de Lacerda, bispo do Algarve, foi o executor da bula áurea, e proferiu a sentença em 23 de dezembro.
07/11/1716
Foi esta honra, tão excecional, concedida a D. João V por ter correspondido piedosamente ao pedido papal, que solicitava ajuda aos principais reis católicos na guerra contra os turcos otomanos que constituíam uma força de perigo permanente para a Europa cristã e que se apoderavam das ilhas que os venezianos ainda possuíam no mar Egeu. Bem à altura do tradicional zelo dos reis portugueses em defender e propagar a fé, e desejoso de cair nas boas graças do Papa, Dom João V respondeu positivamente ao seu apelo e assim, mandou uma armada a combater os turcos. Em reconhecimento o Papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal dividindo em duas a arquidiocese de Lisboa. Estabeleceu-se uma divisão eclesiástica com duas jurisdições, o arcebispado na Sé velha e o Patriarcado na capela real; e uma divisão administrativa que dividia a cidade em Lisboa ocidental, com cerca de 700 ruas e duas praças, a do Rossio e a do Terreiro do Paço; e Lisboa oriental a parte mais antiga contida dentro das muralhas.
(imagem – Arquivo Municipal de Lisboa)
11/02/1717
O secretário de estado, Diogo de Mendonça Corte Real avisa Senado para que se enfeitem as ruas e janelas por onde o Patriarca há-de passar na sua entrada em Lisboa.
11/02/1717
O secretário de estado, Diogo de Mendonça Corte Real avisa o Senado para que se realizem luminárias, por três dias, aquando da entrada do Patriarca, na cidade de Lisboa. As Festas Barrocas assumiam na sociedade da época uma forma de encenação de poder através de rituais e códigos. Os festejos públicos assinalavam batizados, casamentos, aclamações, entradas régias, embaixadas, beatificações, canonizações e outras solenidades com enquadramento civil e religioso.
13/02/1717
D. Tomás entrou em Lisboa em majestosa solenidade assistida pelo clero secular e regular, o Estado civil, cortejo da corte, tropa formada em alas. O Padre Francisco de Santa Maria descreve no livro Ano Historico: o seguinte: «entrada iniciada na igreja de São Sebastião da Pedreira, esperava-o a cavalo a nobreza da corte. Tomou o coche e veio marchando com acompanhamento luzidio até a igreja de Santa Marta; apeou, tomou a Capa Consistorial, continuou a cavalo a marcha até as portas de Santo Antão, onde se levantava altar. Deixou a Capa, revestiu-se pontificalmente com a capa e mitra branca, montou mula ruça coberta com gualdrapa de tela branca, rédea dada ao irmão D. Luís, Conde de Avintes. Ao sair das portas, receberam-no sob um pálio de preciosa tela os vereadores dos senados de ambas as câmaras de Lisboa e entre duas alas que formavam as comunidades regulares, confrarias e irmandades da cidade, chegou à Santa Basilica Patriarcal, e se deu fim ao ato com o hino Te Deum laudamus, cantado com solenidade.»