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Terreiro do Paço
- Praça do Comércio

Lisboa

Vive o padre nas varandas do Terreiro do Paço, em casa e uma mulher viúva (…) e ainda bem, pois muito o frequenta… por lhe querer bem El-rei que ainda não perdeu de todo as esperanças, e já vão onze anos passados (…) Verei voar a máquina um dia?

OTerreiro do Paço assume o papel de núcleo central de Lisboa. A cidade que de grande porto comercial se transforma primeiramente em capital do Reino e posteriormente em capital de um império, vê transbordar a antiga muralha fernandina que corria ao longo da margem do tejo. Um novo paço real e um conjunto de edifícios de administração régia deram início à definição de uma larga praça, cuja configuração em U, aberto ao rio viria a revelar-se um elemento urbano determinante na imagem de Lisboa.

O Terreiro do Paço afirma-se como o centro de decisão do poder de Estado, onde a corte e a administração real se reúnem num só lugar. Com a vinda da corte para o Terreiro do Paço, vêm igualmente os nobres que até então habitavam os palacetes da encosta do Castelo. Entre os séculos XVI e XVIII, a linha do Tejo torna-se, em geral, o eixo de residência da nobreza cortesã, bem como dos grandes comerciantes portugueses e estrangeiros.

Em Memorial do Convento é no Palácio do Terreiro do Paço que nos é dado a conhecer uma das histórias mais emblemáticas do romance: a do padre Bartolomeu de Gusmão e da invenção da máquina voadora que há de cruzar os céus de Lisboa. O padre Bartolomeu de Gusmão goza da proteção do rei que acreditou na sua máquina e consentiu que o padre fizesse os seus experimentos.